

Tratamento
O tratamento da epilepsia baseia-se no controlo das crises epilépticas, não menosprezando a ajuda no reajustamento do doente à sua nova condição. Uma vez que as crises aparecem subitamente, é preciso manter constantemente o doente sob a acção dos medicamentos utilizados. Um único fármaco bem escolhido, numa dose bem adaptada controla completamente as crises na maioria dos doentes.
Cirurgia
Recorre-se à cirurgia quando o tratamento por medicação não surte efeito. Para se proceder a uma intervenção cirúrgica é necessário medir os riscos que esta pode acarretar, pois nem todos os doentes reúnem condições necessárias para a mesma. Este procedimento é muito delicado e exige uma panóplia de exames clínicos minuciosos para detectar correctamente se o foco epiléptico se estende ou não a mais áreas do cérebro. As cirurgias mais frequentes em serviços especializados em epilepsia são a lobotomia temporal, as remoções de lesões corticais guiadas por eletrocorticografia e as hemisferectomias. Existem ainda procedimentos paliativos que visam facilitar o controlo das crises, mesmo que não as removam por completo.
A remoção cirúrgica das áreas cerebrais responsáveis pelas crises iniciou-se há cerca de 50 anos. No entanto, com as novas técnicas cirúrgicas e com novos métodos para identificar as áreas a remover, fazem-se cada vez mais operações bem sucedidas.
Quando se pensa em realizar uma cirurgia existem algumas questões individuais a ter em conta, baseadas na história individual e familiar, nos exames neurológico e mental, nos meios auxiliares de diagnóstico, bem como numa bateria de testes pré-cirúrgicos.
A maioria dos testes destina-se a avaliar a zona onde se iniciam as crises; outras vezes empregam-se para identificar as zonas que guardam as funções da linguagem ou da memória, as quais têm de ser evitadas pela cirurgia.
Os exames mais comuns são: electroencefalograma, que regista a actividade eléctrica cerebral e identifica as áreas cerebrais onde ocorrem as crises; e a ressonância Magnética que fornece imagens do cérebro e identifica vários tipos de lesões, principalmente cicatrizes ou lesões resultantes de um défice no desenvolvimento cerebral.
Por outro lado a realização de testes neuropsicológicos (memória, linguagem e quociente de inteligência), que demonstram áreas de défice funcional, predizem a existência de possíveis falhas produzidas pela cirurgia.
Por vezes, todos estes procedimentos indicam factores favoráveis à realização da cirurgia, outras vezes não dão a necessária informação e os médicos podem decidir não recomendar a mesma.
A cirurgia pode ser feita através da remoção da área cerebral responsável pela produção de crises ou pela interrupção das vias nervosas ao longo das quais se espalham os impulsos que transmitem as crises.
A lobotomia é um tipo de cirurgia que pode ser praticada quando uma pessoa tem crises que se iniciam sempre no mesmo lobo, desde que não seja lesada nenhuma função vital. Com este tipo de cirurgia sabe-se que
A hemisferectomia remove um hemisfério do cérebro e é usada quando existe uma lesão cerebral grave, a qual envolve esse mesmo hemisfério provocando crises incontroláveis e paralisia do lado contrário do corpo. No entanto, este tipo de cirurgia acarreta alguns efeitos secundários, tais como, fraqueza e perda de alguns movimentos na parte contrária do corpo assim como perda de visão periférica.
A calosotomia é um procedimento cirúrgico que cessa a ligação das fibras que conectam um hemisfério com o outro, impedindo a difusão da crise. É utilizada nas crises atónicas, as quais afectam ambos os lados do cérebro, não existindo nenhuma área susceptível de remoção. A calosotomia tem um risco de complicações que ronda os 20% e as crises parciais provavelmente irão persistir.
Mesmo sendo importante, uma boa relação entre o profissional de saúde e o doente para o tratamento da epilepsia, este aspecto é mais relevante quando se pensa na possibilidade de cirurgia. O paciente e respectiva família devem ser informados dos benefícios, riscos e das probabilidades de um controlo total ou parcial das crises, visto que podem existir consequências físicas e até emocionais após a cirurgia.
Normalmente, quando as crises cessam, ou são escassas, as pessoas ficam satisfeitas e felizes, mas algumas podem ficar deprimidas, não reagindo positivamente à adaptação de uma nova realidade, pois esta, é muito diferente do seu passado. Assim sendo, torna-se fulcral o acompanhamento do doente por uma equipa multidisciplinar que o ajude a ultrapassar os obstáculos com que se pode deparar.
Novo tratamento
Em 1997 foi aprovado um novo tratamento nos EUA. Implanta-se no peito do sujeito um aparelho semelhante ao pacemaker que emite impulsos eléctricos. Este sistema emite sinais eléctricos que estimulam o nervo vagus no lado esquerdo do pescoço. Para alguns este tratamento reduz a hiperactividade do cérebro após alguns meses. Contudo, mais de 5% dos pacientes ficam livres de crises subsequentes.